
Amor, amor mesmo? - Por Pablo Castro
O amor é devasso, é tesão, é segredo, é mÃstico. Só o amor
esconde um punhado de subentendido e maldade. O amor, amor mesmo, ama pelado.
Se não tem tesão nem é amor é pecado. Pecado.
Tem dias que o amor quer tudo e há dias em que quer nada. Ora
colo, ora pernoite na estrada.
O amor, amor mesmo, ama pelado.
O contrário do amor é Viagra; é indiferença; é tratamento de
libido. Alguns sintetizam que é ódio. Até ódio polÃtico.
Amor, amor mesmo, ama pelado.
Amor é estrogênio e testosterona.
Amor, amor mesmo, é polÃtico: arquiteta no olhar a trama
seguinte.
Amor, amor mesmo, ama nu o corpo e a alma - quem não tem
alma, tem a falha.
Amor é o contrário do que não goza, do que não deseja, do que
não se embriaga, do que não se masturba, do que não se olha pra olhar melhor o
outro.
Quando se confessa amor cessa a guerra com que não ri, não
zomba e não se diverte.
Amor, amor mesmo, ama pelado.
É melhor declarar amor do que guerra.
Amor, amor mesmo, denuncia, acusa, aponta o dedo ao violento,
até perdoa, mas primeiro enfrenta.
Amor, amor mesmo, enlouquece quando traÃdo, até perdoa, mas
primeiro se vinga.
Amor, amor mesmo, faz negócio do ócio. Nenhum tempo é
perdido.
Nenhum bom banho é suficientemente bom agasalhado.
Pegue um vinho - ruim pode - e vá amar por aÃ.
Porque amor, amor mesmo, ama pelado.
Pablo Castro é graduado em Filosofia, escritor e mestrando na UFRJ.