Segundo dados de um estudo do Citibank, ao considerar os números agregados globais, o percentual do mercado dos elétricos e híbridos ficou em 14,7% em 2022 e deve chegar a cerca de 20% em 2023. Estima-se que, até 2030, a representatividade das vendas mundiais possa chegar a 45%. Já de acordo com a Associação Brasileira de Veículo Elétrico (ABVE), as vendas de automóveis leves eletrificados no Brasil representam, no ano de 2022, quase 50 mil unidades emplacadas, superando em 41% o número de emplacamentos de 2021.
Movimentações como essas reaquecem o debate sobre a adoção ao veículo elétrico como melhor opção da perspectiva de sustentabilidade, enquanto a opção a etanol apresenta ótimo desempenho neste sentido e já está bastante consolidada no Brasil.
Naturalmente, cenários como este sempre fazem o mercado se agitar em torno do questionamento sobre as preferências e as viabilidades entre um modelo e outro. Ciente disto, André Ricardo Vieira, CEO, sócio e fundador da Solution4Fleet, consultoria de gestão para locadoras e concessionárias do grupo Santander, comenta quatro aspectos comuns em relação a este assunto:
1. Quem vence a batalha entre elétrico e etanol?
O veículo a etanol nunca vencerá essa batalha, porque existe um interesse comercial muito grande em transformar a matriz energética dos carros. Lembrando que o carro elétrico, em média, é composto por apenas 35% das peças de veículos convencionais. Isso quer dizer que, em escala, a tendência é que, no futuro, ele seja criado de uma forma cada vez melhor, o que significa que o valor desses carros será bem mais acessível.
2. Perspectiva de transição de veículos a combustíveis fósseis para os elétricos
A transição vai acontecer. Nesse processo, o grande destaque será o veículo híbrido, que deve, cada vez mais, ser abastecido a álcool. Trata-se, porém, de uma transição longa, porque não envolve apenas carros, mas também caminhões e ônibus, além das questões de infraestrutura que precisam ser desenvolvidas, como os pontos de carregamento dos veículos. Lembrando, que estamos em um período de chegada do hidrogênio, que tende a movimentar muito o mercado, já que o seu resíduo é água. Mas o processo de armazenagem desse combustível ainda é complexo e caro.
3. Incentivos do Governo devem existir, mas não serão eternos
Como estamos em um período de transição de poder, não é possível afirmar com certeza absoluta que haverá uma intensificação de incentivo por parte do Governo para acelerar a transição entre veículos a combustíveis fósseis e os elétricos. Porém, ao analisar o que tem acontecido em outros países, é possível supor que o incentivo existirá por um período, mas não no longo prazo.
4. Entraves e motivadores da popularização dos veículos elétricos no Brasil
Sem dúvida, são três os principais entraves da popularização dos veículos elétricos no Brasil: alto valor do automóvel, pelo menos, no momento da chegada ao mercado; estruturação de uma rede de abastecimento eficiente; e a adaptação dos motoristas ao processo de abastecer com mais previsibilidade do percurso. Porém, os benefícios são animadores. Conforme sinaliza Vieira, trata-se de um carro mais fácil e gostoso de dirigir e um pouco mais seguro, além de ter a tendência de apresentar um valor mais acessível ao longo do tempo.
“Estudos mostram que o etanol é o primeiro colocado entre os combustíveis mais limpos que existem. Os carros elétricos, desde que tenham fontes de energias limpas, tendem a ser um meio de transporte com baixíssimo impacto negativo ao meio ambiente”, explica Vieira. “Estou bastante entusiasmado com a chegada do carro elétrico ao Brasil. Acredito que, de 2023 a 2028, este crescimento inicial seja bem gradativo. Mas, a partir de 2029, a adesão a ele será acelerada”, conclui o executivo.
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