Cirurgia íntima masculina: necessidade ou vaidade?

A bioplastia (preenchimento do pênis) é o que os homens mais procuram quando o assunto é procedimento estético íntimo, pois não estão satisfeitos com o tamanho do seu órgão.

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O pênis é considerado, historicamente, símbolo de virilidade, domínio e poder. Por isso os homens se preocupam tanto com o tamanho do seu membro.

Não existe, ainda, método 100% seguro e eficaz, cientificamente falando, para aumentar em comprimento ou circunferência o tamanho do membro masculino. Mas basta uma simples pesquisa em sites de busca na internet  e logo parecem diversas “soluções”, desde cirurgias a métodos caseiros.

Mas, mesmo sem comprovação científica, o número de procedimentos só aumenta. Dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética mostram que, de 2013 a 2017, foram realizados 45.604 cirurgias de aumento de pênis no mundo todo, sendo no Brasil 1.316 neste mesmo período.

Existem 2 tipos de procedimentos mais procurados: alongamento ou preenchimento. Este último, a bioplastia peniana, é o preferido. Nos últimos 5 anos, a procura tal tipo de cirurgia aumentou em 30%

O Procedimento é realizado através da injeção de um material biocompatível, como gordura retirada do próprio paciente ou ácido hialurônico no tecido sob a pele do membro. Dura cerca de uma hora e aumenta a circunferência entre 1 a 5 centímetros.

Mas a recuperação prevê ficar sem relações sexuais por pelos menos 15 dias, e pode ter efeitos colaterais, como infecções, inchaço, absorção do material injetado, formação de nódulos e deformações. 

Já para realização do outro procedimento, o alongamento, é feito um corte nos ligamentos que prendem a base interna do pênis aos ossos da bacia. Após isso, essa parte projeta-se para fora, aumento o tamanho em cerca de 2 centímetros. É preciso se cuidar após a cirurgia para não se ter ereções, tomando inclusive medicação para esse fim. Os efeitos colaterais incluem redução da ereção e retração do membro.

Mas o que precisamos ressaltar é que o aumento do comprimento só aparece quando o pênis está flácido. Quanto está ereto, continua da mesma forma que antes. Mas, para muitos, o importante é causar uma primeira boa impressão. Na maioria dos casos, é uma questão de vestiário, uma falta de autoafirmação em relação a outros homens e não com as mulheres.

A ansiedade quanto ao tamanho do pênis é tanta que pode gerar um transtorno, com uma visão distorcida do corpo, que neste caso é o tamanho do membro. Homens que têm esse tipo de problema devem ser encaminhados para a terapia, e não para a cirurgia.

A insatisfação pode ser um perigo, pois muitos homens acabam se auto aplicando ou procurando profissionais não habilitados e com promessas falsas para realizar o procedimento. Injetar uma substância não apropriada pode causar danos como gangrena, deformidade, encurtamento grave, infecção e inchaço. Ou seja, um desastre total.

A maioria dos homens que chegam aos consultórios buscando este tipo de procedimento têm um tamanho de membro considerado normal, e é preciso que seja esclarecida as expectativas antes da cirurgia. 

O Conselho Federal de Medicina, A Sociedade Brasileira de Urologia e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica não reconhecem nenhum procedimento para aumento peniano. Só é indicado em casos raros de micro pênis (o órgão ereto mede menos de 7 centímetros).

E qual é o tamanho que deve ter o pênis considerado “normal”?

Segundo estudos, em média um pênis flácido em média tem 9,16 centímetros e ereto a média é de 13,12 centímetros. Já a circunferência média do pênis flácido é 9,31 centímetros e ereto 11,66 centímetros.

O que precisamos refletir é: Se você está com baixa autoestima, não há procedimento estético que resolva. O ideal é estar com a terapia em dia e procurar, caso necessário, uma terapia sexual para esclarecer possíveis dúvidas quanto à falta de educação sexual.

Se você não se aceita como é, nem sempre a cirurgia resolverá esta questão e pode trazer sequelas irreversíveis. Então, procure profissionais qualificados e tenha certeza que está preparado para tal procedimento. Querer alterar seu corpo para atender ao desejo do outro e dar “satisfação” à sociedade pode ser catastrófico. Pense bem e analise os prós e contras.

O número de cirurgias íntimas entre as mulheres também aumentou bastante, mas isso já é assunto para o próximo artigo.

Juliana Graça é consultora em saúde e educação sexual, sexóloga e pós-graduada em terapia sexual na saúde e na educação
Instagram: www.instagram.com/julianangraca