Três espécies de formigas do gênero Cylindromyrmex tiveram sua distribuição na Mata Atlântica atualizada, após registros em 13 municípios capixabas: Santa Teresa, Vila Valério, Sooretama, Linhares, São Roque do Canaã, Pancas, Itaguaçu, Santa Maria de Jetibá, Domingo Martins, Santa Leopoldina, Alfredo Chaves, Guarapari e Itapemirim.
As espécies C. brasiliensis, C. brevitarsus e C. longiceps, não eram conhecidas para o Espírito Santo até a publicação de artigo, no último dia 26 de fevereiro, na revista internacional “Sociobiology”, assinado por três pesquisadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA): Jorge Souza, Ricardo Vicente e Pedro Bartholomay.
O estudo da ocorrência dessas três espécies nas florestas capixabas aconteceu de forma inusitada: o pesquisador Jorge Souza coletou indivíduos no prédio onde morava, no centro de Santa Teresa/ES, e também na Estação Biológica de Santa Lúcia, no mesmo município, onde muitos pesquisadores do INMA realizam trabalhos de campo.
Com isso, os entomólogos - especialistas dedicados ao estudo dos insetos - empreenderam uma busca meticulosa nas coleções biológicas do Espírito Santo e de São Paulo. Esse esforço resultou na identificação de 71 registros relacionados ao estado capixaba.
Dos registros de Cylindromyrmex, 93% foram encontrados em áreas florestais e os outros 7% foram avistados em áreas urbanas. As espécies estão predominantemente distribuídas em áreas montanhosas da região. Os espécimes foram coletados entre 2003-2023 e estavam depositados nas coleções entomológicas, sem identificação na maioria dos casos.
As três espécies identificadas são predadoras e “inquilinas” de cupinzeiros. Têm um corpo cilíndrico, razão do nome Cylindromyrmex, característica que facilita seu comportamento críptico - essas formigas vivem em ambientes subterrâneos, habitando, principalmente, cavidades e galhos ocos.
A coleta dessas espécies é rara, pois geralmente só ocorre durante os meses mais quentes e em períodos chuvosos, o que sugere uma preferência por voos nupciais no verão e em áreas urbanas próximas a florestas, como observado na cidade de Santa Teresa.
Cobras
Duas espécies raras de cobras foram encontradas novamente no Espírito Santo após um longo período de ausência. A revelação está no estudo publicado na revista "Check List", no último dia 27 de fevereiro, pelos biólogos Rafael Scherrer Mathielo, Diego Henrique Santiago, Thiago Marcial de Castro e pela pesquisadora Flávia Chaves, vinculada ao Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA).
Apostolepis longicaudata e Drymoluber brazili não eram avistadas no Espírito Santo por décadas e foram novamente registradas em 2016 e 2018, nos municípios de Jaguaré e Barra de São Francisco, respectivamente.
O primeiro e, até recentemente, único registro de A. longicaudata para o Espírito Santo foi feito no município de Sooretama, em 1950. Já D. brazili teve dois registros no município de Baixo Guandu, em 1933 e 1934. Depois disso, houve ainda um terceiro registro, no município de Colatina, em 1974.
Os pesquisadores indicam que a raridade de Apostolepis longicaudata está atribuída à qualidade dos remanescentes florestais. Já para Drymoluber brazili, espécie que prefere áreas abertas e tem ocorrência no Cerrado, a explicação para ser encontrada no Espírito Santo é o limite da região de ocorrência da espécie. Ambas espécies tendem a ser naturalmente raras mesmo em seus limites de distribuição geográfica. "Esses registros recentes reforçam a importância da pesquisa científica na identificação e monitoramento de espécies ameaçadas, fornecendo dados valiosos para a conservação da biodiversidade local”, destaca Flávia.
Mín. 22° Máx. 27°