Quem os vereadores de Linhares representam? Manipulada por interesses políticos ou não, a presença do povo na sessão da última segunda-feira (18) na Câmara de Linhares foi um marco na luta contra as decisões dos nobres parlamentares da Terra do Verde e das Águas.
Na verdade, o que foi embora pelo ralo foi a vergonha da Casa de Leis. Dados publicados pela Revista Finanças Capixabas informam que, em 2018, a despesa da Câmara de Vereadores foi de R$ 15,3 milhões. Somente neste ano, segundo o Portal da Transparência da Câmara de Linhares, a Casa já gastou R$ 189.908 com diárias e passagens para servidores e vereadores.
De janeiro a dezembro de 2018, foram R$ 348 mil. Dinheiro, entretenimento e comodidade. Parece anúncio de casa de apostas, mas, na verdade, é o que parece ser o desejo dos 13 vereadores da Locomotiva do Espírito Santo (como diz um certo político). Não faz muito tempo, ali em 2018, eles pretendiam comprar 13 TVs de LED de 32’ e a mesma quantidade de frigobar (80 litros).
Os dois itens essenciais ao trabalho de um servidor público que promove uma sessão por semana não foram adquiridos. À época, a pressão popular apertou o santo e, capitaneados pelo presidente pulso firme Ricardinho da Farmácia, a Casa declinou da proposta. O DNA dessa legislatura está marcado por palavras ao vento.
Na sessão do último dia 4, os vereadores aumentaram o salário de R$ 6.192,00 para R$ 10.918,10. A medida representou acréscimo de cerca de 78%. No mesmo dia, aumentaram o número de vagas de vereador na Casa de 13 para 17. O povo pressionou e os nobres representantes populares desistiram da primeira proposta de aumento e consideraram reajuste de 27,6%. O salário caiu para R$ 7,9 mil.
Nesta terça-feira (19), o grupo que comanda o Legislativo municipal inovou. O nobres Edis querem agora reduzir de 13 para 9 vereadores e baixar o salário atual de R$ 6.192 para R$ 1.540. Muitos podem se sentir maravilhados e representados com a proposta, mas será que alguém parou para avaliar friamente essa jogada política? Essa artimanha soa como irresponsável com o futuro da cidade.
A política, cada vez mais, exige representantes técnicos competentes, bem instruídos, com capacidade de discernir ações que vão ao encontro dos anseios populares. Serviço público não é esmola, assim como verba pública não é fruto que nasce em qualquer chuva de verão. Reduzir salário não comprova eficiência.
Tanto que, com atuais R$ 6 mil de vencimentos, alguém pode apontar uma produção, projeto ou ação relevante da Casa nos últimos três anos? O repasse da Prefeitura à Câmara ficará intacto. Não vai ser menor. Seja com 21 ou com 9 vereadores. O que vai acontecer é que a cidade ficará ainda menos representada no espaço legislativo.
Não é hora de moralismo econômico, estamos vendo surgir um movimento social-político-democrático aguardado há anos. Não nos deixemos cair por preciosismos ou senso comum que congela e impede o município de progredir. O voto é a principal arma do povo. Nunca poderá ser a armadilha contra a própria identidade.
Sensação
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