A sessão ordinária da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) da última terça-feira (14) foi suspensa para receber um grupo de torcedores, jogadores e diretores da Desportiva Ferroviária. O grupo foi à Casa para solicitar o apoio dos parlamentares em relação à crise por que passa o clube, motivada pelo risco de perda do seu estádio Engenheiro Alencar de Araripe. O estádio localizado no bairro Jardim América, em Cariacica, foi posto a leilão.
Situado em área de 72 mil metros quadrados, o Estádio Engenheiro Alencar de Araripe consta como garantia para as dívidas contraídas pelo seu antigo proprietário, Marcelo Villa-Forte, do grupo Villa-Forte & Oliveira, que foi sócio majoritário em outro empreendimento com a Desportiva Ferroviária.
Em meio à pugna jurídica o estádio foi colocado à venda, com ação de despejo do clube das instalações esportivas. O clube foi proibido, inclusive, de usá-lo para treinamento. Na área interditada estão localizadas, ainda, duas escolas municipais.
A Desportiva já havia entrado com representação criminal junto ao Ministério Público Estadual (MP-ES) denunciando Villa-Forte. A deputada Janete Sá (PSB) relatou a situação em que se encontra o clube de futebol, que tem 61 anos de fundação.
"O tradicional time capixaba, sua diretoria, torcedores e jogadores vivem, atualmente, um pesadelo que se iniciou em 1999 e, que, após a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, a Desportiva Ferroviária ficou com dificuldades financeiras. Acreditou-se que ao se unir ao clube Desportiva Capixaba poderia solucionar o problema financeiro. Logo, a Desportiva percebeu que foi vítima de golpe da empresa Villa-Forte", afirmou Janete.
A deputada explicou que após denúncia na Justiça pela parte minoritária da sociedade (a Desportiva Ferroviária), o empreendimento foi extinto.
"A Desportiva Ferroviária foi novamente surpreendida com a tentativa de vender, alugar ou fazer do estádio uma atividade econômica privada. Foi feita uma ordem de desocupação do estádio pelo administrador judicial, designado pelo juiz da segunda vara da Justiça. Acontece que o administrador judicial, o perito judicial e auditor Vaner Corrêa Simões é servidor público e auditor de controle externo do Estado, o que para nós é, no mínimo, antiético. Ele deveria se declarar impedido e sair do processo", considerou a deputada.
"Inventaram uma dívida de R$ 800 milhões, quando o clube deve R$ 6 milhões de IPTU, que é negociável. Produziram essa dívida para justificar a venda de um patrimônio que é nosso, que é do torcedor, que é da Desportiva, que é da diretoria, que é de Cariacica e do povo do Espírito Santo", finalizou.
Apoio
A deputada Iriny Lopes (PT) corroborou as afirmações de Janete de Sá e reafirmou que a Desportiva é de todos os clubes do Espírito Santo e daqueles que vêm disputar partidas aqui. Ela propôs que os parlamentares estabeleçam diálogo com a Prefeitura de Cariacica, com o governo do Estado e outras instâncias.
Já Camila Valadão (Psol) colocou seu mandato à disposição para o apoio, solidariedade e articulação com outros poderes para garantir a manutenção do patrimônio da Desportiva, “que é do capixaba, é patrimônio público”, segundo declarou.
O deputado Engenheiro José Esmeraldo (PDT) elogiou a colega Janete de Sá por seu pronunciamento e se colocou, também, à disposição para apoiar a demanda da Desportiva usando seu mandato para articular a conversa com as autoridades do Estado.
O presidente da Desportiva, Luiz Fernando Farias Júnior, agradeceu aos parlamentares e disse esperar que essa luta pelo clube capixaba seja de todo o Espírito Santo.
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